O ovo partiu mal entrei por aquela porta. Duas metades de uma casca de ovo partida e simplesmente vazia. A cor é branca e o fundo pouco foge ao cinzento.

Com pézinho de lã...não foi o nome que surgiu sem senão ou porquê. O pézinho da Mariana vai caminhando assim num devagar devagarinho...escondendo-se um sempre no outro, como se um deles não caminhasse sem o outro. São pés pequeninos...
O Duarte chama-lhe sapatinhos.

"(...)depois de uma pausa necessária, aventurou-se a abrir os olhos e a olhar em redor. Primeiro para baixo. Os pés da escada quase desapareciam, tão longe estava a terra, lá ao fundo. Depois para cima.Uns atrás dos outros, os degraus prolongavam-se por ali fora, interminavelmente, perfurando as nuvens, rompendo o próprio azul onde as estrelas se almofadavam. A escada erguia-se direita à lua, uma lua para além das estrelas, infinitamente remota, colada à abóbada suprema como um disco de gelo..."
(Mestre Henry Miller)

Ontem, não muito tarde, procurei a lua...não a encontrei.

Com o pretexto de encontrar a lua fugitiva...na roda viva de tudo o que sobe, desce, roda, voa e salta...há papagaios no ar, há quem espreite com medo de olhar, há quem simplesmente exista e se deixe embalar com palavras no ar...

"não, não sei se é um truque banal, se um invisível cordão sustenta a vida real...cordas de uma orquestra, sombras de um artista, palcos de um artista e as dançarinas no grande final. Chove tanta flor, que sem reflectir, um ardose espectador, vira colibri. (...)membro de um elenco, malas de um destino, partes de uma orquestra, duas meninas no imenso vagão, negro reflector, flores de organdi e o grito do homem voador ao cair em si. Não sei se é vida real, um invisível cordão após o salto mortal"
(Chiquito Buarque)